Ano de 2011 elevou em 10% registro de mortes em obras e construções
A retomada das obras de infraestrutura e construção imobiliária
elevou o número de acidentes de trabalho que resultam em mutilações ou
mortes no Brasil. Entre janeiro e outubro de 2011, pelo menos 40.779
trabalhadores foram vítimas de acidentes graves de trabalho, das quais
1.143 morreram, segundo o Ministério da Saúde. O número total é 10%
maior do que o de igual período do ano anterior (37.035).
Os dados
do ministério englobam trabalhadores de diversos setores de atividade,
mas se referem apenas aos atendimentos na rede de serviços de saúde
credenciada do Sistema de Agravos de Notificação (Sinan). Desde 2004,
uma determinação do ministério obriga os médicos a notificarem os casos
graves de acidentes de trabalho.
Boa parte do aumento de casos
fatais resultou de acidentes na construção civil. Até meados de
dezembro, por exemplo, 14 trabalhadores do setor morreram na cidade de
São Paulo, mais do que o dobro do número do ano anterior (6).
Além
disso, vários estudos apontam: os acidentes de trabalho são mais comuns
entre funcionários de empresas terceirizadas. Uma pesquisa divulgada
recentemente pela CUT mostra que quatro em cada cinco acidentes de
trabalho, inclusive os que resultam em mortes, envolvem trabalhadores
terceirizados.
As estatísticas da Previdência Social só
consideram os trabalhadores formais, que têm carteira de trabalho e
pagam o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Ficam de fora cerca
de 20 milhões de brasileiros que não contribuem para a Previdência, os
chamados trabalhadores da economia informal.
Recentemente o
governo criou a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho,
fruto de amplo debate e organização da comissão tripartite formada pelas
centrais sindicais, representantes do governo (Ministérios da Saúde,
Trabalho e Previdência Social) e entidades patronais. "Um dos principais
indicadores que ela traz é a necessidade de que as ações governamentais
nesse campo passem a se articular para serem mais eficientes e atingir o
maior número de trabalhadores", destaca Carlos Augusto Vaz de Souza,
coordenador-geral de saúde do trabalhador do Ministério da Saúde.